Contos de Natal
Haverá maior cliché do que aproveitar a quadra natalícia para escrever ou publicar um "conto de Natal"? A literatura obedece a datas? Qualquer badamerdas se lembra do tema Natal, só porque a Igreja decidiu há uns séculos que Dezembro era o mês de Natal. Mas adiante.
Quero falar de um conto publicado a semana passada no Jornal de Leiria (um jornal de Leiria, como o nome indica). Uma rena do Pai Natal (genial, um conto de Natal com o Pai Natal!) está tão constipada que se engana no trajecto e vai parar a um laranjal. Come folhas de laranjeira e cura-se milagrosamente. Então, leva laranjas como prenda para todos os meninos. E acabam-se as constipações. E ficam todos felizes, com as laranjas. Moral da história: não há como uma laranja para nos dar alegria e amor. Das duas uma: ou o autor vende laranjas no mercado ou quis impor-nos uma mensagem política subliminar. Se for o último caso, faltou falar no Astral.
O outro conto de que quero falar foi publicado hoje no Diário de Notícias, escrito pelo grande cronista e professor universitário João César das Neves. Quatro estudantes numa conversa chata sobre a Fé, Deus e o Inferno. Quem tem os melhores argumentos é a Maria (terá sido o nome escolhido ao acaso?) que é muito católica. Os outros têm todos argumentos básicos que servem apenas para que Maria possa brilhar e dizer o que vai na cabeça de João César das Neves. Caro João César, achas que os ateus são assim tão cromos que se deixem vencer por argumentações tão básicas como as da Maria (ou as tuas, que vai tudo dar ao mesmo)? Vai ler Pascal e talvez da próxima vez o consigas plagiar melhor.
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