Stand Up Comedy (2)

O Stand Up Comedy de Mário Soares teve o seu auge na piada "todos os portugueses me conhecem pela minha coerência". Interessantes algumas indirectas a Cavaco e a Alegre. Apesar de algum nervosismo e de alguns pontapés na gramática, o humorista não cedeu a piadas fácieis como as anteriores referências à sua próstata.

One Man Show

Cavaco Silva abriu as portas de casa ao Expresso e mostrou a família. Maria Cavaco Silva frisou que a campanha presidencial do marido será "one man show" (a mulher sabe inglês!), a família não se intrometerá. Esta mensagem foi repetida mais tarde pela filha de Cavaco, pelo genro, pelos netos, pelas primas, por dois primos afastados, por um tio-avô, por uma tia solteirona e pelo piriquito.

Stand Up Comedy

Ontem, o CCB foi palco do novo espectáculo de Stand Up Comedy de Cavaco Silva. Quem assistiu em casa riu até às lágrimas, embora para perceber todas as piadas seja preciso recordar o que foi a governação do comediante (daí que a assistência não tenha rido muito). Aquela de Cavaco não ter ambição política é genial.

Contudo, o espectáculo teve um ponto consideravelmente fraco. Foi demasiado previsível. Parecia aqueles filmes policiais em que nos primeiros minutos vemos logo que o assassino é o mordomo e temos de aguentar o "suspense" até à conclusão mais óbvia. Eis uma pequena dica que Cavaco podia ter usado para fazer um espectáculo de cinco estrelas. Passava uns meses a dizer que não tinha nada a dizer. Depois, marcava uma data para juntar os seus fãs no CCB. Esperava até as televisões estarem prontas a transmiti-lo em directo. Esperava que a sala enchesse e que até houvesse fãs lá fora. E depois, anunciava que não queria candidatar-se a Presidente da República. Isso sim, seria sentido de humor. Aprende, Cavaco!

Sobre "A Revolta dos Pastéis de Nata" de 14/10

O programa focou aspectos importantes, mas também esqueceu muitos outros. Não falaram, por exemplo, do chamado Ensino Pré-escolar. Nem uma palavra. Não falaram do negócio dos colégios privados que desconhecem o termo educação e que se limitam a albergar crianças (muitas vezes sem condições para isso) e que levam umas boas massas aos pais, "por cada cabeça". Não falaram, por exemplo, dos "actores" que se dedicam a fazer "teatro escolar", isto é, peças estudadas na escola, sem que se preocupem a fazê-lo com qualidade (é para putos!) e na forma acrítica como os professores levam os alunos ao "teatro". E uma coisa muito importante e muito curiosa. Dado o número elevaddo de professores no desemprego, gostaria de perceber como é que tanta gente entrou para cursos vocacionados para o ensino. Está certo que foram menos que em anos anteriores. Mas o facto de serem mais que zero causa-me espécie.

De qualquer modo, parabéns pelos aspectos focados. Pessoalmente, gostaria de ver a reacção de alguns ministros a alguns discursos que foram feitos. Mas eles são demasiado burros para verem o programa.

Apontamentos sobre o Metro de Lisboa

1 - Um mapa do metro na parede custa assim tanto? Em Madrid, há 11 linhas de metro e é mais difícil um visitante perder-se do que em Lisboa. Em Barcelona, há cinco linhas e mapas completos em todas as estações, antes e depois de entrar, etc. Em Lisboa, há apenas quatro linhas e só um mapa ou dois por estação, quando muito.

2 - Ter um jornal de graça pode parecer interessante, mas não é. Em primeiro lugar, porque o jornal não é grande coisa. Em segundo lugar, porque nada é de graça. O mesmo se pode dizer sobre os monitores supostamente informativos que nos bombardeiam publicidade. Dizem que isto é de graça, mas se acabassem com eles, não nos podiam baixar o preço das viagens?

3 - E já que falo nisso, por que é que os anúncios são sempre os mesmos? E por que é que o tom da locutora das notícias é sempre o mesmo? Já não consigo ouvir a música daquele anúncio ao Opel. Não será paradoxal levarmos exaustivamente com anúncios de carros no local em que apanhamos um transporte público?

Parabéns a Moita Flores

E como já tudo foi dito sobre os resultados das autárquicas, incluindo as mais mirabolantes teorias, só me resta dar os parabéns a Francisco Moita Flores por ter ganho a câmara de Santarém. É quase uma antítese ter um criminolgista num cargo normalmente ocupado por criminosos. Mas o melhor não é isso. O melhor é que ser Presidente da Câmara dá muito trabalho e escrever séries de ficção histórica também. Esperamos portanto que Moita Flores deixe de ter tempo para se dedicar ao guionismo. O país ficou a ganhar. Esperemos agora que os guionistas dos "Morangos com Açucar" decidam enveredar pela política.

Um aperto de mão

Tinha prometido a mim mesmo não escrever uma linha sobre as autárquicas. Mas não consigo resistir à primeira página do Correio da Manhã de sexta passada que prevê a derrota de Manuel Maria Carrilho por não ter cumprimentado o adversário depois do debate da Sic Notícias. O resultado da sondagem não me surpreende. Mas não será o motivo pura especulação? Sejamos francos: há muitas razões para não votar no Carrilho. A forma como correu o debate dá razões a qualquer pessoa de bom senso para não votar no Carrilho nem no Carmona.
E se não for especulação? Nesse caso, talvez valha a pena reflectir em como o povo português é deveras difícil de compreender. São capazes de escarrar para o chão, mas não votam em políticos que não apertam a mão ao adversário. São capazes de votar em foragidos à justiça, mas se um tipo não aperta a mão ao outro, está desgraçado (quer dizer, terá apenas um tacho de vereador, mas não de Presidente da Câmara). Dica para políticos aprendizes: sê corrupto, mas cumprimenta toda a gente.