terça-feira, março 29, 2005

Não tem Conteúdo?

Experimentem ir à página da Sociedade Portuguesa de Autores e no separador dos Concursos escolher o Prémio Bernardo Santareno / Novos Dramaturgos. Aparecerá a mensagem "Não tem nenhum conteúdo".
Isto quererá dizer que em termos informáticos, não haverá "conteúdos" novos, uma vez que o prazo para concorrer já expirou e ainda não se conhece o vencedor. Mas, sinceramente, não havia outra maneira de o dizer? É que nem todos somos informáticos. Dizer de um concurso "Não tem nenhum conteúdo" é o mesmo dizer que nenhuma das obras concorrentes presta, quando muito poderão ser interessantes na forma, mas conteúdo, nem vê-lo. Não seria bom, numa página de autores, um pouco mais de cuidado na linguagem?

sábado, março 26, 2005

Respeito pelo Sagrado

Não sei quem decide a data da Páscoa, mas suponho que sejam as altas instâncias da Igreja. Este ano, a Páscoa coincidiu com o Dia Mundial do Teatro, o que levou muitas companhias a antecipar a comemoração ou a nem sequer comemorar. Felizmente, algumas resistiram e o público aderiu.
Não dou muita importância às datas. Contudo, já que muita gente só liga ao Teatro (à Poesia, à Árvore, ao Natal, à Liberdade, etc.) no seu respectivo dia, é no mínimo de mau gosto, que os decisores da data pascal a tivessem feito coincidir (deliberadamente ou não) com o Dia Mundial do Teatro. Resta-me perguntar: a Igreja não tem respeito nenhum pelo Sagrado?

quarta-feira, março 23, 2005

Uma discussão importante

- O senhor comparou a guerra do Iraque à guerra dos cem anos.
- É mentira.
- O senhor não vai ao macdonald's nem bebe coca-cola. O senhor é anti-americano.
- É mentira.
- O senhor comparou o bigode do Hitler ao bigode do Badaró.
- É mentira.

quinta-feira, março 17, 2005

Slogan

Já reparou que Santana Lopes regressou à Câmara de Lisboa?

quarta-feira, março 16, 2005

Sic Comédia

Há já algum tempo que ando para escrever algumas linhas sobre a Sic Comédia, mas por uma razão ou por outra, acabo sempre por me esquecer.
Fiquei muito entusiasmado com a abertura de um canal "especializado" em comédia. Contudo, passados alguns meses, a Sic Radical continua a transmitir as melhores séries de humor. Nada de grave, fazem parte da mesma casa. Mas não deixa de ser estranho.
Há séries louváveis na Sic Comédia: "Doido por ti", "Modelo e Detective", "Carolina e os homens", etc. Mas há outras que não merecem de estar num canal que tem «Comédia» no nome. "Não há pai", por exemplo. Aquilo tem alguma piada? "O quem sai aos seus" é mais conservador que os elementos do Santuário de Fátima. E brevemente, vamos ter que gramar com os "Malucos do Riso". Os tipos estão-se a passar?
Por que é que não são um bocadinho mais selectivos? Por que é que não passam cinema? Os filmes do Chaplin, dos Monty Pyton ou do Woody Allen (só para dar alguns exemplos) ficariam a matar.

sábado, março 12, 2005

Evasão fiscal

Lê-se por aí nos jornais que o combate à evasão fiscal não será suficiente para resolver o problema do défice, porque só aumentará as receitas em X mil euros (no lugar deste X, costumam estar alguns números). Eu pergunto: como é que estes teóricos chegaram aos números? Como é que eles calculam o valor total da evasão fiscal? Que eu saiba, só seria possível apurar quanto é que o Estado perde com a fuga aos impostos, se soubéssemos quem é que foge aos impostos e com quanto. Mas, adiante.
Combater a evasão fiscal não será fácil. Mas há pequenas medidas, tão óbvias que até irrita, que podiam adiantar alguma coisa. Por exemplo:
1. Ler os classificados do 24 Horas, do Correio da Manhã e afins. Procurar saber quantos daquelas ofertas de emprego ou arrendamentos de casas (e outros que tais) são legais e pagam impostos.
2. Não faz confusão ao Ministério das Finanças que nas cidades com instituições de ensino superior, onde a maioria dos alunos vem de fora e as residências universitárias não conseguem albergar nem metade, haja tão poucos arrendamentos declarados?
3. Procurar anúncios de todo o tipo de actividades, em todo o lado, principalmente em locais "suspeitos".
4. Ver as ofertas dos Centros de Emprego e verificar quantas cumprem a legislação, não só em matéria de respeito dos direitos do trabalhador, como nas declarações às finanças e respectivos descontos.
5. Construir uma fiscalização activa e eficaz, especializada na evasão fiscal.
6. E por fim, criar a mentalidade de que quem foge aos impostos é totó. (esta é de todas, a mais difícil.)

Cunha

Diz-se que "a cunha é uma instituição em Portugal". Eu diria que não é exlusivamente nossa. A frase "it's not what you know, it's who knows you", encontrada em sites americanos, reflecte bem a sua internacionalização. Toda a gente é contra as cunhas, quando favorece outros. Mas é sempre bom abrir uma excepção, quando nos favorece a nós. Claro que há sempre os resistentes, os que insistem em subir à custa do mérito, mesmo que saibam que demorarão mais tempo. Mas, mesmo para esses, num ou noutro momento, surge sempre a tentação da cunha. Quase sempre nos momentos de desespero, em que parece que o trabalho árduo nunca irá compensar, olha-se para o lado e vê-se alguém com muito menos capacidades a conseguir aquilo que eles ainda não conseguiram. Resistir é difícil. Valerá a pena enumerar todos os "méritos" num currículo sabendo que, à partida, ele nunca será lido, a não ser que chegue por "determinados canais"? Valerá a pena o esforço de um trabalho bem feito, quando uns bons jantares e uns copos aos chefes podem conseguir mais rapidamente a tão desejada promoção? Valerá a pena estudar quando um bocadinho de graxa aos professores poderá garantir uma nota melhor no exame?
É preciso resistir. E é preciso que o Estado dê o exemplo. Pouco se pode fazer para combater a cultura da cunha, quando o próprio Estado a pratica aos olhos de todos.

sexta-feira, março 11, 2005

Inferno

Detesto ir às compras. Cada vez estou mais convencido que se o Inferno existe, é uma loja, um hipermercado ou um centro comercial. Ou então é um cinema onde só passam o último filme do Manoel de Oliveira.

quarta-feira, março 09, 2005

Melhor saúde: urgente

Ir a um Centro de Saúde ou a um hospital é claramente uma experiência kafkiana. Ou não há médicos ou não podem vir ou estão atrasados porque, coitadinhos, têm de vir de longe. Para um tipo se inscrever, é preciso ver se tem lá médico de família, se é de cá, se é de lá, se tem cartão, se não tem cartão. Mas o melhor de tudo são as urgências. Nada como as urgências para nos mostrar a subjectividade das palavras. Por causa do nosso estado de saúde ou da nossa falta de formação, julgamos que "urgente" quer dizer "o mais depressa possível". Na verdade, como bem sabem os sábios médicos, "urgente" quer dizer daqui a umas quatro horas.

sábado, março 05, 2005

O padreco

Infelizmente, não tenho tempo para ler os jornais todos os dias e perdi o famoso anúncio do padre que recusa dar a eucaristia aos católicos que tenham cometido os "pecados" que ele inclui numa lista. A julgar pelos "pecados", a partir de agora, o homem só dará a eucaristia a si próprio e ao João César das Neves.
O que não entendo é como é que um homem pode dar mil e tal euros por um anúncio daqueles. O João César das Neves escreve idiotices parecidas, mas pelo menos, pagam-lhe para isso (julgo eu). Por que é que o padre não colocou o anúncio à porta da paróquia para que as suas "ovelhas" soubessem ao que iam? Pensava que não havia melhor forma de gastar o dinheiro? Pensava que ia ser aplaudido pela Igreja ou pelos fiéis? Estava à espera de ser elogiado pelo Marcelo Rebelo de Sousa no Domingo? O que é que o homem pensou?

Exmo. Sr. José Carlos Vasconcelos

«Exmo. Sr. José Carlos Vasconcelos:
Envio-lhe por este meio um pequeno texto que gostaria de ver publicado na Revista Visão. Dado que sou desconhecido do grande público, peço-lhe apenas alguns caracteres.
O texto é o seguinte:
"José Sócrates é o maior e mereceu ter maioria Absoluta. Só com esta maioria será possível resolver os problemas do País".
Sem mais a acrescentar, despeço-me atenciosamente
»
E pronto. Pode ser que assim, quando Sócrates remodelar o governo, me arrange um lugar. Não tenho experiência governativa, nunca estive na ONU, mas gosto imenso de viajar. Também tenho formação e alguma experiência ao nível do teatro, a saber: sei criar personagens, definir conflitos e, mais importante que tudo, nunca passei pela vergonha de ter um texto representado no Teatro da Trindade.

quinta-feira, março 03, 2005

Sobre o humor na televisão

Os não assinantes da Tv Cabo raramente têm oportunidade de assistir a bom humor televisivo, simplesmente porque ele não abunda nas estações generalistas. Mas há excepções que vale a pena indicar. Dois bons exemplos de humor inteligente e corrosivo (ambos na Sic) são "O Inimigo Público" e "As Manobras de Diversão".
O único senão a registar, em ambos os casos, é o horário tardio da exibição. Não se percebe porque é que as adaptações de anedotas mais que gastas continuam a ter direito a horário nobre e as ideias inovadoras estão longe de chegar ao grande público. Até porque o grande público precisa é de programas que desenvolvam a consciência crítica.

quarta-feira, março 02, 2005

A Primeira Desilusão

O governo está a ser formado fora da Comunicação Social. Uma vez mais se vê um Primeiro-Ministro a querer ser o oposto do antecessor. Já sabemos é que António Vitorino não fará parte do governo. É pena. António Vitorino é visto, aos olhos dos portugueses, como um exemplo de competência (poucos políticos têm tal motivo de regozijo).
Esperemos que no novo executivo haja competência suficiente para colmatar esta falta.

"Habituem-se"

Muito se tem dito sobre o "habituem-se" de António Vitorino. Defendo a Liberdade de Expressão e por conseguinte acho que os jornalistas devem tentar saber (e informar) mais do que aquilo que os políticos desejam que se saiba.
Mas há coisas que ultrapassam o bom senso. António Vitorino talvez tenha sido arrogante ao usar o "habituem-se", mas como diz o ditado, "a uma pergunta estúpida, uma resposta estúpida" (ou algo assim). Perguntar numa noite de eleições sobre a constituição do governo é mau sinal. Se o tivessem perguntado a José Sócrates, ainda se compreendia. A "outro qualquer" é simplesmente absurdo. A resposta "um governo não se faz na Comunicação Social" devia ser evidente. Encará-la como "ameaça" é muito estúpido e sinal de má formação.
Talvez seja altura de nos preocuparmos com a formação dos nossos jornalistas. E de apostar nos mais inteligentes.